vestibular
  O Desenvolvimento
 

           TIPOS DE DESENVOLVIMENTO

Nesta aula, vamos conhecer um tipo de desenvolvimento de textos dissertativo-argumentativos: a enumeração.   

O DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento do texto dissertativo-argumentativo é constituído por parágrafos que fundamentam a ideia principal do texto. Geralmente, cada parágrafo corresponde a um dos argumentos que sustentam a ideia principal, embora possa haver desdobramentos e, no caso, ser necessário mais de um parágrafo para um único argumento.

A força desses argumentos depende muito da consistência do raciocínio e das “evidências” ou “provas” que contêm, capazes de fundamentar o ponto de vista do autor. Além disso, é necessário que haja coerência e coesão entre os argumentos, para que as ideias se desenvolvam de modo progressivo e harmônico, sem contradições ou ideias desconexas do conjunto.

Conheceremos os cinco tipos mais frequentes de desenvolvimento, que podem ser usados separadamente ou se complementarem.

 

Marcas de coesão textual

                       Para garantir a coesão entre os parágrafos do texto dissertativo-argumentativo, é importante estar atento aos articuladores apropriados, de acordo com seu valor semântico. Eis alguns dos mais importantes:

          Tempo: quando, assim que, desde que, logo, que.

          Causalidade: uma vez que, porque, dado que, posto que, já que.

          Condição: desde que, se, a menos que, contanto que.

          Oposição: embora, ainda que, apesar de, ao contrário, mas, porém, contudo, entretanto.

          Acréscimo: ainda, além disso, vale lembrar ainda que, é importante ressaltar ainda que.

 

TIPOS DE DESENVOLVIMENTO

          1. ENUMERAÇÃO 

Neste tipo de parágrafo de desenvolvimento, o autor procede à análise do problema em questão. Pode definir, conceituar, classificar, detalhar, expor dados, etc.

Veja um exemplo em que o autor busca relações entre os comportamentos do jovem de hoje e os valores da própria sociedade atual, incluindo aqueles veiculados pela mídia, enumerando-os.

          Exemplo de ENUMERAÇÃO 1

                       Dessa forma, a geração atual é produto do seu tempo e é daí que surgem os evidentes aspectos negativos. Portanto, é inegável que grande parte dos jovens carrega na sua natureza básica os mais diversos valores distorcidos: violência, falta de respeito, rebeldia, entre dezenas de outros. Porém, é também inegável que a mídia e a própria sociedade atual têm um papel fundamental nesse tipo de formação.

(Candidato à Fuvest)

          Exemplo de ENUMERAÇÃO 2

                               Pode-se também trabalhar com dados estatísticos de pesquisas. Veja:

                Dados do Ministério da Saúde, apontam que as gestantes brasileiras fazem em média menos de dois exames pré-natais, contra uma recomendação mínima de três e um ideal de seis consultas. Outra estatística, desta vez da Sociedade Civil de Bem-Estar Familiar, mostra que, no ano de 96, 32% das mulheres grávidas não fizeram nenhum pré-natal, índice que sobe para alarmantes 43% entre os mais pobres.

(Editorial da Folha de São Paulo)

 

          2. CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

                       Certamente a transigência (tolerância, condescendência) com que o código de trânsito vem sendo tratado pelas autoridades públicas contribui para essa sensação de impunidade. Foram milhares de anistias para motoristas infratores. Sem mencionar aqueles que continuam dirigindo já tendo atingido o limite de infrações prescrito pelo código.                                                                                     (Editorial da Folha de São Paulo)

               

Observe que, discutindo as causas do aumento de acidentes e crimes no trânsito, o autor aponta a como causas a anistia concedida pelas autoridades aos motoristas infratores ou a indiferença delas em relação àqueles que já deveriam ter sua carteira cassada.

 

          3. COMPARAÇÃO E CONTRASTE

A televisão aliena ou informa? Talvez seja este o mais complexo paradoxo da sociedade mundial neste final de milênio [...]

Heroína: aquela que atrai a atenção de milhões de espectadores na transmissão de grandes eventos esportivos; aquela que se transforma em escola nos lugares mais surpreendentes; aquela que informa, com magnífica velocidade, os grandes acontecimentos mundiais. Sim. A televisão, notável por seus feitos, informa.

Vilã: aquela que faz da sociedade uma verdadeira marionete, ao produzir, sem nenhum crivo, amparada na liberdade de imprensa e na convivência dos governos, verdadeiros “lixos culturais”; aquela que constrói e destrói ídolos a seu bel-prazer; aquela que fantasia crises econômicas mundiais no intuito de proteger oligarquias dominantes. Sim. A televisão vilã aliena.

(Luís Felipe Ximenes. Vestibular da Universidade Vale do Rio Verde)

                              

Note que, depois de apresentar o caráter contraditório da tevê já na introdução, o autor explora cada um dos seus atributos – heroína ou vilã? – em parágrafo separado, aprofundando-os.

Não há, contudo, obrigação de a comparação de a comparação ou o contraste serem feitos em parágrafos distintos.

Com esse tipo de técnica, são comuns as comparações e contrastes (de comportamentos, valores, gerações, dados da realidade, etc.) entre épocas e/ou lugares distintos. Por exemplo:

 

Com muitos dos problemas resolvidos pelas gerações anteriores, como a falta da liberdade de expressão, a censura e a punição aos criminosos ecológicos, os jovens de hoje não têm estímulo suficiente para se engajarem em um ideal [...]

(Candidato à Fuvest)

 

·                               4. EXEMPLIFICAÇÃO 

O cigarro faz mal à saúde e é responsável pela incidência de diferentes formas de câncer. Há quanto a isso sólidas evidências estatísticas desde os anos 50. É igualmente sabido que a sociedade, por meio dos impostos, acaba custeando, na rede pública de hospitais, o tratamento de enfermidades causadas pelo fumo.

Nos EUA, a cruzada antitabagista levou a quase totalidade dos Estados a obter dos fabricantes de cigarros indenização por ora estimada em US$ 246 bilhões, que será paga durante os próximos 25 anos para cobrir gastos públicos com saúde.

Existem, no entanto, exemplos que vão no sentido oposto. A Alta Corte do Reino Unido rejeitou o pedido de um grupo de vítimas de câncer de pulmão, que pretendia ser indenizado por um produtor local de tabaco.

(Editorial Folha de São Paulo)

 

Observe que, na introdução ao texto, o autor comenta os malefícios do cigarro e o custo social das doenças que provoca. O 2º. e o 3º. parágrafos servem como  exemplos  de como o problema vem sendo tratado em diferentes países: enquanto nos EUA os fabricantes de cigarros têm arcado com parte do custo, no Reino Unido as autoridades têm assumido a defesa dos produtores de tabaco.

 

          5. CITAÇÃO OU TESTEMUNHO

“A organização e o processo de trabalho dos hospitais prejudicam a saúde de seus profissionais”, diz Luiz Roberto Tenório, coordenador da pesquisa, diretor da Divisão da UERJ e presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro.

Tenório, que lançará o livro Médicos são os profissionais que mais se maltratam (ainda sem editora definida), explica que o excesso de trabalho e pressões constantes da rotina médica proporcionam estresse, má alimentação, sedentarismo, poucas horas de sono. “Desde jovens, convivemos com a dor e a morte, que é inevitável. Isso faz com que o médico seja um perdedor em tese” analisa.

(Ciência Hoje)

Nesse texto, o autor está interessado em comprovar a tese de que, “no hospital, está uma das classes que menos cuida de sua própria saúde: os médicos”. Para isso, vale-se de dois parágrafos de desenvolvimento: o primeiro cita as palavras de uma autoridade no assunto e o segundo, apresenta o testemunho desse médico.

De acordo com o reconhecimento social ou intelectual da pessoa que é citada ou que dá o testemunho, o argumento poderá ter maior ou menor força. No caso dos parágrafos anteriores, por exemplo, os títulos atribuídos ao médico ( pesquisador, professor, presidente do sindicato) não deixam dúvida sobre sua capacidade de opinar com propriedade sobre o assunto.

As transcrições de trechos de obras ou de falas/entrevistas devem ser literais e feitas entre aspas. Quando feitas em discurso indireto, deve-se tomar o cuidado de para manter a fidelidade das ideias do autor.

 

 

 

                                

 

 
  Today, there have been 2 visitors (22 hits) on this page!  
 
This website was created for free with Own-Free-Website.com. Would you also like to have your own website?
Sign up for free